quinta-feira, 17 de junho de 2010

Dedicação sem limites

Muitas coisas que falavam pra mim quando eu estava grávida eu achava que era exagero... Mas algumas já descobri que, de fato, eram verdade, rs

A primeira é “aproveita pra dormir agora, porque depois que ele nascer, nunca mais você dorme direito”. É fato! Já nos dois meses finais da gravidez eu não dormia... Estava fazendo muito calor aqui em São Paulo e, tudo me incomodava... além disso, o tamanho da barriga não ajudava! Estava enorme! Lembro que meu marido e eu ficávamos na cama pra eu tentar pegar no sono e, quando eu já não tinha mais esperanças de dormir, ele pegava um papel e uma caneta e a gente ficava a madrugada toda jogando jogo da velha, jogo dos pontinhos, “stop”, batalha naval, palavras cruzadas e, qualquer outra coisa que a gente inventasse pra passar a noite...

Depois que meu filho nasceu, o primeiro mês foi o mais difícil, porque ele acordava de madrugada pra mamar de 3 em 3 horas como um reloginho... depois foi diminuindo e hoje, graças a Deus, ele já dorme a noite toda. Mas ainda assim, qualquer barulhinho diferente que ele faz a gente acaba ficando em alerta.

A outra é “aproveita, porque eles crescem muito rápido”. E em dois sentidos... Primeiro porque sempre parece que foi ontem que você estava sentindo a ansiedade do parto e de encontrar com ele pela primeira vez; segundo porque literalmente o Henrique não pára de crescer! Em peso e tamanho... Perde roupas toda hora, de um dia pro outro um macacão que servia, já não cabe mais... e nem no carrinho dele, ele está cabendo mais. As expressões que eram poucas em uma semana, na semana seguinte transformam-se em lindos sorrisos, testas franzidas e mãozinha que não sai da boca. É realmente impressionante e, lindo!

Aí entra a vó de primeira viagem, a bisavó de primeira viagem, o vô de primeira viagem e a tia-avó de primeira viagem. Todos os dias tiro fotos do Henrique pra mandar pra eles (Leia-se todos os dias mesmo! Porque se eu não mando até a tarde, já vem as cobranças: “Cadê as fotos do dia???”). E a parte mais gostosa é receber as respostas cheias de elogios e mimos de como ele está cada dia mais lindo, grande, saudável etc.

A minha mãe, única dessa turma que mora em São Paulo, fica emocionada a cada risada que ele dá... Imagine que ela passa pelo menos 80% do tempo que estamos juntos, com os olhos marejados (sem nenhum exagero). Ela entra em cada portinha que tem artigos infantis pra pesquisar novidades pro Henrique... Acho muito engraçado.

Aí fico comparando como ela é tão parecida nisso com a Minha VÓ.
Eu chamo a mala de viagem da minha vó de “mala do gato Felix”. Desde que me entendo por gente, lembro dela chegando em casa com algumas malas e quando abria começava a tirar vários presentinhos. Quando a gente achava que tinha acabado, ela sacava mais alguma coisa lá de dentro. Hoje ainda é assim! Não dá pra entender como cabe tanta coisa lá dentro.
E ela consegue pensar nos presentes mais úteis... Aquelas coisas que você está sempre precisando e que ninguém iria pensar em comprar. É um barato!

Lembro de quando passávamos as férias na casa dela (foi assim até meus 14 anos mais ou menos). Nós íamos pra lá com uma mala e voltávamos com mais umas 3 sacolas – parecia a família Buscapé voltando pra São Paulo! E, lembro também, que quando fazíamos aniversário ela vinha de ônibus de Araraquara até São Paulo, trazendo todos os docinhos e salgadinhos.

Ao contrário da minha mãe, eu não me lembrava de tê-la visto chorando. E, essa primeira experiência, eu tive quando fui visitá-la algumas semanas antes de o Henrique nascer. Quando estava me despedindo dela, os olhinhos dela se encheram de lágrimas e aquilo me deixou extremamente emocionada.

Apesar de estarmos longe fisicamente, nunca deixei de valorizar o papel importante que ela teve na minha história e, que com certeza, terá na do Henrique. Fico muito feliz de ver que ele é tão amado por todos e agradeço a Deus por isso.
Aproveito um texto da Raquel de Queiroz... A arte de ser avó

Um belo dia, sem que lhe fosse imposta
nenhuma das agonias da gestação ou parto,
o doutor lhe põe nos braços uma criança. Completamente grátis - nisto é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida.

No entanto - no entanto! - nem tudo são flores no caminho da avó.

Há acima de tudo, o entrave maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela em si, seja sua filha. Não deixa por isso de ser a mãe. Não importa que ela ensine à criança a lhe dar beijos e a lhe chamar de “vovozinha” e lhe conte que de noite, às vezes, ela de repente acorda e pergunta por você. São lisonjas, nada mais.

Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante nos triângulos conjugais.
A mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe de comer, dá-lhe banho, veste-o. Embala-o de noite. Contra si tem a fadiga, a rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar.

Já a avó não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas programadas, leva a passear, “não ralha nunca”, deixa se lambuzar de pirulito. Não tem a menor pretensão pedagógica.

Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô que se quebrou porque ele - involuntariamente! - bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beiço pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque ninguém zangou, o culpado foi a bola mesmo, não foi, vó?

Era um simples boneco que custou caro.
Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague!

A bisa...

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